O
PESCADOR DE SONHOS
Matheus Moreira Tavares dos Santos*
Em um lugar
distante, não muito longe daqui, vivia uma família de pescadores que, como
muitas outras famílias, dá um duro danado para pôr comida em casa. Na família
todos trabalham inclusive Zé Pesqueiro, o mais novo pescador da família, com 12
anos de idade.
Todo dia ele
sai bem cedo com seus pais para o mar em um barco de pesca mal-acabado
adquirido com muito esforço. Quando chegava em um ponto não muito distante da
costa da praia, Zé Pesqueiro jogava a rede no mar e sempre vinham algumas
sardinhas miúdas.
Eu bem que
podia ser um peixe: pensava ele. Nadaria, nadaria para bem longe daqui,
encontraria alguns peixes e brincaria feliz com eles no fundo do oceano. Sairia
sem rumo pelo mundo, faria isso feliz. Pelo menos sairia dessa rotina pesada
que faço todos os dias.
No fim da
tarde, Zé Pesqueiro voltava com seus pais para casa e ajudava o pai a separar
os peixes de consumo dos peixes de venda enquanto sua mãe ia para cozinha
preparar o jantar. Mal dava tempo de tirar aquele cheiro de peixe do seu corpo,
pois ele tinha que dormir logo para no dia seguinte vender os peixes que
sobravam com seu pai no centro da cidade.
Chegando lá, da
banca de vendas Zé Pesqueiro observava fascinado aqueles prédios enormes e
aqueles carros passando nas ruas. Mas o que lhe chamava mesmo a atenção era a
rotina de uma escola nas proximidades, onde crianças brincavam felizes no
pátio.
— Quem me dera
ser uma daquelas crianças estudar e brincar, as suas únicas obrigações de
verdade. Elas sim são pescadoras, pescadoras de conhecimento. Os únicos peixes
que elas pescam as palavras nos livros de matemática, português...Talvez algum
dia eu tenha apenas uma chance de ser como elas. E esse seria o dia mais feliz
da minha vida: pensava ele infeliz todas as vezes que passava por aquela escola.
Certo dia o pai
adoeceu e ele teve que ir ao Centro vender os peixes sozinho. Chegando lá Zé
Pesqueiro (distraído olhando aquela mesma escola) esbarrou em um homem alto e
elegante que lhe perguntou:
— O que faz
fora da escola jovenzinho?
Envergonhado,
Zé Pesqueiro lhe contou como vive. Que nunca foi a escola e que ajudava seus
pais na pescaria para poder sobreviver.
Depois de ouvir
atentamente a historia do garoto, o homem pediu que o levasse até sua casa,
pois queria conhecer seus pais.
O homem
identificado como Carlos, explicou para os pais de Zé Pesqueiro o que era o
programa PETECA e da luta pela erradicação do trabalho infantil. Disse
ainda que daria uma bolsa de estudos
para o filho e eles teriam uma condição
de vida melhor. Zé Pesqueiro ficou muito feliz porque agora poderia realizar
seu sonho de ser um pescador de conhecimentos.
Anos depois Zé
Pesqueiro conseguiu superar o atraso escolar e hoje é um respeitado professor
no bairro onde mora, desenvolve projetos sociais e ajuda a tirar crianças e jovens do trabalho
infantil, e vivendo feliz para sempre.
*O autor tem 12 anos e é aluno da
Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental Linha da Serra (8º ano), do
Município de Guaramiranga. O trabalho foi realizado sob a orientação da
Professora Juliana Catarina da Silva e da Diretora Francisca Rosa Moreira Flôr.
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