domingo, 22 de setembro de 2013

PRÊMIO PETECA 2013 - CONTO DE GUARAMIRANGA

O PESCADOR DE SONHOS
Matheus Moreira Tavares dos Santos*

Em um lugar distante, não muito longe daqui, vivia uma família de pescadores que, como muitas outras famílias, dá um duro danado para pôr comida em casa. Na família todos trabalham inclusive Zé Pesqueiro, o mais novo pescador da família, com 12 anos de idade.
Todo dia ele sai bem cedo com seus pais para o mar em um barco de pesca mal-acabado adquirido com muito esforço. Quando chegava em um ponto não muito distante da costa da praia, Zé Pesqueiro jogava a rede no mar e sempre vinham algumas sardinhas miúdas.
Eu bem que podia ser um peixe: pensava ele. Nadaria, nadaria para bem longe daqui, encontraria alguns peixes e brincaria feliz com eles no fundo do oceano. Sairia sem rumo pelo mundo, faria isso feliz. Pelo menos sairia dessa rotina pesada que faço todos os dias.
No fim da tarde, Zé Pesqueiro voltava com seus pais para casa e ajudava o pai a separar os peixes de consumo dos peixes de venda enquanto sua mãe ia para cozinha preparar o jantar. Mal dava tempo de tirar aquele cheiro de peixe do seu corpo, pois ele tinha que dormir logo para no dia seguinte vender os peixes que sobravam com seu pai no centro da cidade.
Chegando lá, da banca de vendas Zé Pesqueiro observava fascinado aqueles prédios enormes e aqueles carros passando nas ruas. Mas o que lhe chamava mesmo a atenção era a rotina de uma escola nas proximidades, onde crianças brincavam felizes no pátio.
— Quem me dera ser uma daquelas crianças estudar e brincar, as suas únicas obrigações de verdade. Elas sim são pescadoras, pescadoras de conhecimento. Os únicos peixes que elas pescam as palavras nos livros de matemática, português...Talvez algum dia eu tenha apenas uma chance de ser como elas. E esse seria o dia mais feliz da minha vida: pensava ele infeliz todas as vezes  que passava por aquela escola.
Certo dia o pai adoeceu e ele teve que ir ao Centro vender os peixes sozinho. Chegando lá Zé Pesqueiro (distraído olhando aquela mesma escola) esbarrou em um homem alto e elegante que lhe perguntou:
— O que faz fora da escola jovenzinho?
Envergonhado, Zé Pesqueiro lhe contou como vive. Que nunca foi a escola e que ajudava seus pais na pescaria para poder sobreviver.
Depois de ouvir atentamente a historia do garoto, o homem pediu que o levasse até sua casa, pois queria conhecer seus pais.
O homem identificado como Carlos, explicou para os pais de Zé Pesqueiro o que era o programa PETECA e da luta pela erradicação do trabalho infantil. Disse ainda  que daria uma bolsa de estudos para  o filho e eles teriam uma condição de vida melhor. Zé Pesqueiro ficou muito feliz porque agora poderia realizar seu sonho de ser um pescador de conhecimentos.

Anos depois Zé Pesqueiro conseguiu superar o atraso escolar e hoje é um respeitado professor no bairro onde mora, desenvolve projetos sociais e ajuda  a tirar crianças e jovens do trabalho infantil, e vivendo feliz para sempre.


*O autor tem 12 anos e é aluno da Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental Linha da Serra (8º ano), do Município de Guaramiranga. O trabalho foi realizado sob a orientação da Professora Juliana Catarina da Silva e da Diretora Francisca Rosa Moreira Flôr.

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