domingo, 22 de setembro de 2013

PRÊMIO PETECA 2013 - CONTO DE IGUATU

Trabalho Infantil
               Já começo falando de mim, um garoto de dez anos, que mais parece um adulto. E sabe por quê? Porque já trabalho. Faço trabalhos pesados como descarregar caminhão e também cato latinhas para vender. Eu sei que sou criança e deveria estar na escola mas eu não posso estudar, tenho que trabalhar.
               Aqui na Vila dos Ventos é legal. Tenho dois amigos, o Joca e o Joel. O Joca é legal demais, sempre trabalhando. Não o vejo muito, só quando os caminhões fazem parada. E é assim o nosso dia a dia. Já o Joel,vejo todos os dias, pois ele passa sempre aqui em Vila dos Ventos catando suas latinhas junto comigo. No final, vendemos tudo e levamos o dinheiro pra casa. E é assim que a gente vai levando a vida, trabalhando para sobreviver. Quando a entrega é pouca, eu não ganho quase nada e mal dá pra merendar, ainda bem que a D.Rosa, a dona do boteco da esquina, sempre apronta uma marmita para mim... ela é um anjo! Falo sempre à ela que, um dia, ainda vou estudar - por enquanto não dá porque trabalho – me formar e ser alguém na vida, um homem rico. Sendo assim, conseguirei ajudar todos aqui da Vila dos ventos.
            A tarde já vai cair, tenho entregas para fazer, pois, o sol daqui há pouco vai desaparecer e é hora de descansar. Ah, seu eu pudesse! Hoje foi um dia longo, cheio de emoção e muito trabalho, pois pra quem vive nas ruas é sempre uma aventura.
            Eu sigo sempre com a emoção e a esperança que o amanhã pode ser melhor, que eu não precise mais ficar debaixo desse sol escaldante, dormindo muitas vezes em cima de sacos de arroz que descarrego dos caminhões e que me deixam com a coluna arrebentada.
          Sempre vejo os adultos falando que trabalho infantil é crime. Eu não sei. Às vezes aparecem umas pessoas no local onde descarrego os caminhões e, sempre que acontece, o meu chefe me manda sair de lá... Todos os dias, penso em deixar de trabalhar, mas minha mãe me bate e diz que tenho que voltar. Aí continua tudo do mesmo jeito.
            E continuo perdido nos pensamentos e sonhos de um dia mudar de vida, ser uma criança normal, que brinca e estuda e tem um futuro mais certo, mais previsível. Sonho em ver as crianças da minha vila, não mais trabalhando como escravas. Meus pensamentos são interrompidos pelo grito do meu patrão que não quer moleza no trabalho e lá vou eu deixar meus pensamentos voarem e voltar ao trabalho com a certeza de que tudo vai ficar bem pois, quem tem tudo não agradece e eu, que não tenho nada, sou grato à Deus demais.
                                                                                    
Aluna: Antônia Maria Moreno
 9º ANO A
Escola de Ensino Fundamental Elze Lima Verde Montenegro

Categoria: Conto

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